HISTÓRIA DO TQR
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Do desespero ao empoderamento
O trabalho se desenvolve
Construção de energias co-criativas
Desfazer a Opressão
A emergência da Work That Reconnects Network
Um recurso e um presente para este momento
DO DESESPERO AO EMPODERAMENTO
O Trabalho Que Reconecta tem suas raízes nos anos 1970 nos Estados Unidos, quando parecia que a humanidade – juntamente com grande parte da vida na Terra – estava à beira da devastação. A corrida armamentista nuclear entre os EUA e a União Soviética estava se acelerando. As conversas sobre estratégias de ataque e planos de defesa civil para uma guerra nuclear aterrorizavam as pessoas que conseguiam pensar e falar sobre o assunto.
As soluções coletivas que surgiam das pessoas, e não do governo, eram extremamente necessárias. Uma investigação foi iniciada: o que poderia liberar a capacidade e o desejo das pessoas de enfrentar a crise juntas? O que poderia permitir o surgimento de soluções poderosas e coletivas?
Nos Estados Unidos, a estudiosa de sistemas Joanna Macy, a psicóloga Chellis Glendinning e a ativista Fran Peavey observaram que, quando as pessoas se reuniam em grupos e compartilhavam seus sentimentos de medo, angústia ou desespero, seu poder de agir em prol da mudança era ativado.
Elas desenvolveram um processo de oficinas chamado de Trabalho de Desespero e Empoderamento. A partir dessa semente, surgiu o Trabalho que Reconecta, um modelo que usa métodos de orientação, princípios espirituais, rituais e mitos, risos e lágrimas, reverência e irreverência – para ajudar as pessoas a sair do torpor do desespero e da negação.
O TRABALHO SE DESENVOLVE
No início da década de 1980, as notícias sobre o Trabalho de Desespero e Empoderamento se espalharam rapidamente entre os ativistas. Milhares de pessoas, de dentro e de fora dos movimentos pela paz, justiça social e ambiental participaram. Um coletivo de apoio chamado Interhelp surgiu entre os facilitadores.
Em 1983, Joanna Macy publicou um manual para facilitadores, Desespero e Poder Pessoal na Era Nuclear. Nessa época, o trabalho estava se espalhando pela Europa, Austrália e Japão. Muitas das pessoas envolvidas participaram de programas de intercâmbio de cidadãos com a União Soviética, semeando o trabalho lá também.
Nessa era inicial do Trabalho de Desespero e Empoderamento, pessoas de muitos países combinavam e planejavam por meio do serviço postal e do telefone. As visitas de colegas distantes eram ocasiões de grande entusiasmo.

CONSTRUÇÃO DE ENERGIAS CO-CRIATIVAS
Esse trabalho logo incentivou ativistas que trabalhavam em muitas áreas. Na Austrália, em 1985, Joanna Macy e John Seed desenvolveram o ritual Council of All Beings (Assembleia de Todos os Seres) para ativistas de florestas tropicais. A Ecologia Profunda – uma filosofia que coloca toda a biosfera, e não o ser humano, no centro da existência – passou a informar profundamente a filosofia e a prática do Trabalho.
Com a publicação de Thinking Like a Mountain (Pensando como uma montanha), de John Seed, Joanna Macy, Pat Fleming e Arne Naess, o ritual da Assembleia de Todos os Seres se espalhou pelo mundo. Da mesma forma, a Mandala da Verdade e a Dança do Olmo, ambos desenvolvidos durante as viagens de Joanna Macy, agora são comumente praticados em comunidades do mundo todo.
Em 1998, Joanna Macy e Molly Young Brown publicaram a primeira edição de Coming Back to Life (publicado no Brasil como Nossa Vida como Gaia). Esse volume forneceu uma descrição abrangente da teoria subjacente ao Trabalho, juntamente com mais de sessenta práticas.
Com a publicação de Nossa Vida como Gaia, esse corpo de trabalho em evolução passou a ser chamado de Work That Reconnects (Trabalho Que Reconecta) por sugestão de Fran Macy, marido de Joanna e co-inspirador de toda uma vida. Em algumas partes do mundo, ele é comumente chamado de Ecologia Profunda ou Esperança Ativa.
Em 2012, Joanna Macy e Chris Johnstone publicaram a primeira edição de Active Hope: How to Face the Mess We’re in without Going Crazy (Esperança ativa: como enfrentar o caos em que estamos sem enlouquecer) para apoiar a reflexão individual, grupos de livros e comunidades de prática. Ambos os livros foram traduzidos para vários idiomas e republicados em segundas edições.

DESFAZER A OPRESSÃO
Embora o Trabalho em si, desde o início, tenha desafiado a perpetuação do business as usual e exigido uma transformação de nossa relação com o poder, os preconceitos implícitos e os pontos cegos culturais do paradigma dominante ao invés de forma, estavam, no entanto, entrelaçados em sua estrutura e práticas. Na década de 2010, as Pessoas da Maioria Global iniciaram uma exploração do impacto da dinâmica de poder, privilégio e opressão na teoria e na prática do Trabalho.
Liderada pelos esforços, percepções e contribuições das Pessoas da Maioria Global, a comunidade internacional do Trabalho Que Reconecta passou a
realizar o trabalho de Desfazer a Opressão em suas práticas e estudo. O Anti-Oppression Resource Group (Grupo de Recursos Anti-opressão)) tem sido um forte líder nesses esforços, iniciando a revisão de muitas práticas clássicas; orientando a mudança de foco e a linguagem usada na comunidade; e fornecendo habilidades e recursos para honrar com mais precisão todos os povos do mundo.
Priorizar a justiça social em nossa prática do Trabalho Que Reconecta e facilitar espaços que sejam seguros e acolhedores para todas as pessoas está renovando-o de maneiras poderosas.

A emergência da Work That Reconnects Network
Em 2015, Joanna Macy, que levou o trabalho adiante com paixão e criatividade durante décadas, estava quase se aposentando. Um grupo de facilitadores dedicados dos EUA se reuniu e assumiu o compromisso de garantir o futuro do trabalho. Graças à sua dedicação e trabalho árduo, a Work That Reconnects Network foi criada no ano seguinte.
Com base em uma extensa lista de e-mails desenvolvida por Joanna Macy e sua assistente de longa data Anne Symens-Boucher, a Work That Reconnects Network cresceu e passou a incluir membros e seguidores de todo o mundo. Um grupo internacional de Network Weavers – que inclui voluntários e membros da equipe – colabora nos processos de liderança, gerenciamento e visão da rede. Voluntários e consultores de todo o mundo contribuem em comitês e conselhos para sustentar e aprofundar nosso trabalho.
A missão na Work That Reconnects Networks é cultivar um mundo regenerativo e próspero para todos os seres, fornecendo apoio, conexão e inspiração para a comunidade global do Trabalho Que Reconecta. Nosso foco é tecer conexões entre as iniciativas do Trabalho em todo o mundo. Fornecemos suporte e recursos para facilitadores, facilitadores emergentes e qualquer pessoa chamada para o Trabalho.
As práticas e os rituais descritos em Esperança Ativa, Nossa Vida como Gaia e no site da rede são, desde o início, de código aberto. No site, são publicamos novas práticas desenvolvidas por facilitadores de todo o mundo, bem como adaptações e revisões de antigas práticas favoritas. Você pode utilizá-las. Não deixe de citar a fonte.
Um recurso e um presente para este momento
O Trabalho Que Reconecta é um sistema auto-evolutivo; ele cresce e muda com o tempo, em resposta aos desafios e oportunidades que enfrentamos. O livro A Wild Love for the World (Um Amor Selvagem pelo Mundo), publicado em 2020, apresenta histórias inspiradoras e profundas de pessoas de todo o mundo que contribuíram para o desenvolvimento do TQR ao longo do tempo e em várias circunstâncias.
A sensação é de que o TQR nunca foi tão necessário como agora. À medida que o Grande Desmoronamento acelera, o Trabalho Que Reconecta nos ajuda a enfrentar o caos em que nos encontramos com “resiliência inesperada e poder criativo” (que é o novo subtítulo da segunda edição de Active Hope, lançada em 2022).
Ele é usado por ativistas envolvidos em muitas dimensões da Grande Virada e adotado por grupos como Extinction Rebellion, Deep Adaptation e o movimento Transition Town. Foi adaptado aos contextos culturais de pessoas de todo o mundo e traduzido para vários idiomas. É usado em todos os níveis de educação, desde o trabalho desenvolvido para pais e filhos até o ensino superior e acadêmico. E tem sido usado para transformar o business as usual em governos e instituições como uma ferramenta para Comissões da Verdade e Reconciliação e outras iniciativas para alinhar nossas estruturas atuais com a Grande Virada.
(Fonte: www.workthatreconnects.org)